quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O Segredo de Luísa - Parte Final

DOLABELA, Fernando. O Segredo de Luisa. Rio de Janeiro: Sextante, 2008.

Resenha dos capítulos 4.2 a 6 (pág. 180 a 242)

Nesta parte final do livro, Dolabela nos apresenta os desdobramentos finais não só da história pessoal de Luísa (o abandono da carreira de Odontologia, o namoro de Tina com Rodrigo – estudante de Administração que irá apresentar a Luísa idéias úteis para micro e pequenas empresas como veremos, a descoberta do seu segredo por Eduardo, a morte da Vovó Mestra, etc...) como também dos atos finais da constituição da GMA e seus primeiros passos como empresa.
Um dos elementos centrais dessa última parte, a finalização do Plano de Negócios da GMA, após a análise mercadológica realizada por Luísa leva naturalmente à análise financeira do negócio, o fluxo de caixa – ou em outras palavras, a geração de lucros, que é apresentada como a grande finalidade de qualquer empresa. Nas palavras de Luísa: “[O fluxo de caixa] é a gasolina do carro, enquanto o lucro é o óleo.” Outras questões fundamentais são apresentadas, como a necessidade de se apresentar os conceitos de empreendedorismo nas escolas – como diz o mentor de Luísa, André: “Pior que o desemprego é a ‘síndrome do empregado’, (...) preparado somente para executar o que outros criaram”; a estreita ligação entre vida pessoal e profissional do empreendedor – pois muito da sua saúde emocional depende do sucesso da empresa, além de grande parte do seu tempo – incluindo aquela parcela que as pessoas normais dedicam à família e ao lazer – ser voltado para a vida profissional; o crescente empreendedorismo entre as mulheres – segundo pesquisas as mulheres percebem o empreendedorismo mais positivamente do que os homens, sendo que apresentam melhor estrutura afetiva para lidar com ele; as questões delicadas que envolvem uma sociedade – se os sócios devem preferencialmente apresentar padrões de vida, ambições de renda e consumo e formação semelhantes, por outro lado, é interessante apresentarem perfis e habilidades diversificadas, numa complementaridade que pode ser essencial para atender as diversas necessidades da empresa; as incubadoras de empresas – onde recursos comuns são compartilhados por várias empresas de modo a permitir economia de custos fundamental no início de sua vida; os clubes de empreendedores, onde várias empresas se propõem a se ajudar mútuamente, etc...
Digno de nota são ainda os dois Apêndices ao final do livro, cujo primeiro apresenta o Plano de Negócios completo da GMA e o segundo, um teste que pretende avaliar se o leitor está preparado para ser um empreendedor.
Em outras palavras, um livro imperdível e de leitura muito agradável tanto para quem pretende se lançar em algum negócio como para quem deseja uma leitura leve e agradável.

Agora vamos apresentar um resumo do artigo “Ética também gera resultados”, de Herbert Steinberg, publicado em 08/07/2008, disponível no endereço http://semanaglobal.org.br/EmpreendedorismoArtigoIntegra.aspx?x=14 (acesso em 29/10/2008).

Steinberg afirma que cresce o debate sobre limites éticos, tanto em virtude de fraudes contábeis em gigantescas corporações americanas como por causa dos escândalos políticos no Brasil. ‘É possível uma empresa obter resultados acima da média sendo ética (...)? Com ética (...) se ganha dinheiro’? Em seguida nos apresenta o fato de que os investidores preferem empresas transparentes, e a boa governança só se obtém com relacionamentos éticos. Fundamentalmente, como não existem instituições sem pessoas, as mesmas devem se pautar pela ética, eliminando as “agendas ocultas”, vivendo nossos papéis arquetípicos diários – quem nunca se flagrou exercendo o papel de imperador, bispo, etc...? – com a maior integridade pessoal possível. Finalizando, Steinberg conclui que ‘boa governança implica convivência interpessoal carregada de ética’, pois dessa forma todos os interesses em jogo poderão estar contemplados de forma equilibrada. Em suas palavras finais: ‘boa governança não é algo que se tem, é algo que se vive’.

Agora comentamos.

Nesta última parte do livro Dolabela, através do mentor André, faz referência a quão pessoal é a relação da empresa com o empreendedor – principalmente no seu nascimento. Mais à frente, Luísa relembra vezes em que foi contatada por empresários para possíveis negócios, mas que na verdade estavam interessados nela como mulher e a conversa “negocial” era apenas pretexto para uma tentativa de sedução. Podemos perceber de forma cristalina da comparação entre o artigo de Steinberg e o livro de Dolabela como a pessoa do empreendedor é importante para a empresa – inversamente proporcional ao tamanho da mesma – e que, portanto, a ética do mesmo é fundamental para a percepção da empresa como tal. Igualmente, as pessoas/colaboradores devem ter a mesma orientação ética do líder para que a empresa seja vista como possuidora de transparência e boa governança. Nas palavras de Steinberg: “(...) ela deve possuir ética entranhada em seus valores reais (não aqueles exibidos em cartazes nas paredes)”.